Com razão de ser tal qual, ilusões?
E tudo cai por terra como um furacão que passa devastando... E no seu centro o equilíbrio silencioso, centrífugo.
E olhei aquela arte, sem sentido de arte!
Não enxerguei o concreto no meio da poesia.
Não enxerguei a pintura e tive a leve impressão que tudo era fútil, naquela exposição. E fui num ponto, acima da referência, pra ter uma outra visão, mudar de opinião... Não enxerguei nada, além da minha miopia.
Adentrei a sala... A poesia está dentro? Ou fora?
Que droga, não estou conseguindo enxergar o extraordinário. O que está faltando?
Os diálogos são os mesmos, os gestos, os movimentos, os olhares, as bocas entreabertas soltando letras ao vento. Parada, fico a ouvir, a mesma coisa que escuto há milênios.
De repente, não ouço mais os diálogos intermitentes. Agora, ouço uma melodia. O cantor me levou ao centro, ao centro do ser e algo me tocou fundo. Seria o som? Seriam as palavras? Não sei dizer! São metáforas.
Sentei meio atordoada, olhei meio desconcertada para a doçura destilada. O coração apertou, a alma caiu num doce de leite, fiquei petrificada. A música foi se alastrando em mim e fui me transformando em melodia e o cantor sorria. Ele parecia ser o dono da história e da minha situação.
Quando parou de cantar, caí por terra e lamentei o fim do êxtase.
O que vale é a criação? É derramar-se em sementes pelo chão? Cristalizar estrelas ou flores, em delírios incomuns?
Já que tudo é tão rápido e fugaz, fujo desse lugar para qualquer outro que não entendo, dá tudo na mesma.
Depois de ouvir Garcia Lorca, saí para a rua sem sentido, acompanhada por um existencialismo exumado, jogado de volta ao túmulo.
Os homens tão apressados, desconectados de eloquência e eu já não me sinto uma casta diana... Senti algo frívolo, fugaz, contemporânea ao tempo absurdo das coisas vãs.
Caminho pensando num poema e aquele louco do meu lado...
Às vezes, não compreendo as mensagens do Universo, operando
Atravesso a rua, desconsolada e aquele louco do meu lado, vou buscar um pouco de dinheiro. Talvez, eu até perca o ônibus, ai que fila no caixa eletrônico. Muita gente... Muito tarde... Vou perder o último ônibus.
De repente, um por um vai saindo da fila, caiu o sistema daquela droga... Não sai uma nota, fala o pessoal. Anoto no meu caderno: “Hoje não é o meu dia”. Não tenho dinheiro nem para o ônibus. Todos foram embora, até o meu desejo de jogar um coquetel molotov naquele caixa. É o último sortilégio. Entro no caixa. Então, o Universo comunica-se...As fadas cederam, o desejo venceu, o Universo concedeu. Fiquei em êxtase! Dei um tempo. O sistema voltou. Só, peguei o dinheiro, com aquele louco do meu lado. Num lapso de segundos, me lembrei do Léo e aquele desejo ardente num corpo semi-nu, cheio de uma energia masculina. Bastou olhar e se apaixonar. Uma química voraz, um desejo incontrolável de acariciar aquela pele morena com cheiro de fruta que não existe. Naquele momento, o universo concedeu e eu me recusei só por causa da vulgaridade. E hoje, no entanto, achei a poesia uma gosma! Lembrei do Leo, tão vulgar e a minha abominação em prol da poesia. E hoje, a poesia não era tão intensa assim...não entendo essa sina!
O sorriso sarcástico, mas a pele morena com aroma de fruta... E o desejo ardente de um leão... Acho que são signos ocultos! Um desejo infame de ser adorado, ainda mais por alguém que sabe adorar...
Ah, quantas atitudes bestiais... Consegui pegar o dinheiro, já posso voltar para casa e dormir. Dormir na eternidade!
Quanto mais desejo a claridade, densas trevas me rodeiam. A chama é sempre minúscula... Quando vou penetrar no todo e me devorar?
Elizabeth
Um comentário:
acabei de ler maravilhossssoooo.
Joca Faria
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