quinta-feira, 2 de agosto de 2007

POETAS E LOUCOS


Onde estão os deuses travestidos em humanos?

Com razão de ser tal qual, ilusões?

E tudo cai por terra como um furacão que passa devastando... E no seu centro o equilíbrio silencioso, centrífugo.

E olhei aquela arte, sem sentido de arte!

Não enxerguei o concreto no meio da poesia.

Não enxerguei a pintura e tive a leve impressão que tudo era fútil, naquela exposição. E fui num ponto, acima da referência, pra ter uma outra visão, mudar de opinião... Não enxerguei nada, além da minha miopia.

Adentrei a sala... A poesia está dentro? Ou fora?

Que droga, não estou conseguindo enxergar o extraordinário. O que está faltando?

Os diálogos são os mesmos, os gestos, os movimentos, os olhares, as bocas entreabertas soltando letras ao vento. Parada, fico a ouvir, a mesma coisa que escuto há milênios.

De repente, não ouço mais os diálogos intermitentes. Agora, ouço uma melodia. O cantor me levou ao centro, ao centro do ser e algo me tocou fundo. Seria o som? Seriam as palavras? Não sei dizer! São metáforas.

Sentei meio atordoada, olhei meio desconcertada para a doçura destilada. O coração apertou, a alma caiu num doce de leite, fiquei petrificada. A música foi se alastrando em mim e fui me transformando em melodia e o cantor sorria. Ele parecia ser o dono da história e da minha situação.

Quando parou de cantar, caí por terra e lamentei o fim do êxtase.

O que vale é a criação? É derramar-se em sementes pelo chão? Cristalizar estrelas ou flores, em delírios incomuns?

Já que tudo é tão rápido e fugaz, fujo desse lugar para qualquer outro que não entendo, dá tudo na mesma.

Depois de ouvir Garcia Lorca, saí para a rua sem sentido, acompanhada por um existencialismo exumado, jogado de volta ao túmulo.

Os homens tão apressados, desconectados de eloquência e eu já não me sinto uma casta diana... Senti algo frívolo, fugaz, contemporânea ao tempo absurdo das coisas vãs.

Caminho pensando num poema e aquele louco do meu lado...

Às vezes, não compreendo as mensagens do Universo, operando em mim. Olhei pra lua, acho que começa a crescente e não recebi nenhum recado. No caminho tomei uma sprite e aquele louco do meu lado. Senti-me jogada, o Universo não fala comigo, não me dá o sentido das coisas como são, tal como aquele sonho que me impressionou.

Atravesso a rua, desconsolada e aquele louco do meu lado, vou buscar um pouco de dinheiro. Talvez, eu até perca o ônibus, ai que fila no caixa eletrônico. Muita gente... Muito tarde... Vou perder o último ônibus.

De repente, um por um vai saindo da fila, caiu o sistema daquela droga... Não sai uma nota, fala o pessoal. Anoto no meu caderno: “Hoje não é o meu dia”. Não tenho dinheiro nem para o ônibus. Todos foram embora, até o meu desejo de jogar um coquetel molotov naquele caixa. É o último sortilégio. Entro no caixa. Então, o Universo comunica-se...As fadas cederam, o desejo venceu, o Universo concedeu. Fiquei em êxtase! Dei um tempo. O sistema voltou. Só, peguei o dinheiro, com aquele louco do meu lado. Num lapso de segundos, me lembrei do Léo e aquele desejo ardente num corpo semi-nu, cheio de uma energia masculina. Bastou olhar e se apaixonar. Uma química voraz, um desejo incontrolável de acariciar aquela pele morena com cheiro de fruta que não existe. Naquele momento, o universo concedeu e eu me recusei só por causa da vulgaridade. E hoje, no entanto, achei a poesia uma gosma! Lembrei do Leo, tão vulgar e a minha abominação em prol da poesia. E hoje, a poesia não era tão intensa assim...não entendo essa sina!

O sorriso sarcástico, mas a pele morena com aroma de fruta... E o desejo ardente de um leão... Acho que são signos ocultos! Um desejo infame de ser adorado, ainda mais por alguém que sabe adorar...

Ah, quantas atitudes bestiais... Consegui pegar o dinheiro, já posso voltar para casa e dormir. Dormir na eternidade!

Quanto mais desejo a claridade, densas trevas me rodeiam. A chama é sempre minúscula... Quando vou penetrar no todo e me devorar?

Elizabeth

Um comentário:

Anônimo disse...

acabei de ler maravilhossssoooo.

Joca Faria