Ao sentir a vida humana tão limitada, consigo por entre as brechas mais diminutas, enxergar a essência encoberta, quase definhando, quase desaparecendo. O seu ponto ínfimo de luz ainda clareia a minha consciência, remexendo a pontinha da cauda da serpente, o que me faz em delírios diante do Universo, da Vida e do Ser. Isso é fugir à realidade e medo de sofrer, dizem alguns. É o espírito de aventura do descobridor, que reside
Basta fechar os olhos e vislumbrar o verdadeiro ser. Basta tampar os ouvidos e ouvir o verdadeiro som, o verdadeiro verbo, basta calar os sentidos, para sentir a verdade, quase absoluta. Um átomo de vida que parece inatingível. Energia atômica e eletrônica se entrelaçando num emaranhado de teias, num movimento caótico e desordenado.
O teatro, a pantomina faz parte do meu cotidiano... Uma brincadeira de criança. Brinco dia e noite e essa é a contraparte da aventura tão séria, da qual estou arraigada e flutuante. A trajetória do vôo, parece brincadeira e nos faz rir feito loucos... Gargalhar da ironia desse destino sem destino, que está destinado a nada, pois o mergulho é peculiar e só os bons nadadores voltam à tona para contar como é o fundo do poço.
Quando ouço falarem dos homens e da vida, me dá uma tontura filosófica, não por incompreensão ao que é dito, mas porque conseguem torná-la mais trágica ainda. E uma dor profunda junto a uma leve impressão que não vamos entender o fogo e a luz, que são os únicos botes salva vidas... Barco... Arco ou arca?
O fogo que queima e devora, precisa ser devorado. A luz que tudo atravessa, precisa ser atravessada.
A eloqüência, tão bela ferramenta da laringe criadora pode jogar a humanidade mais fundo do que já está, mas também pode levantar os seres no mais alto das montanhas azuis com puro oxigênio.
As ondas luciféricas, tão necessárias, me fazem levantar a cabeça e enxergar mais um vão, por onde caem as criaturas. E a guerra santa, inicia-se de forma brutal. E cada partícula do ser e a sua contra partícula buscam o conúbio... Expressam, no mundo físico, Eros e Psique, os habitantes do mundo multidimensional que está muito além do bem e do mal.
Quando penso, sinto, sou e escrevo é para expressar a minha essência da forma mais completa que puder. Uma essência incontida, dentro de uma matriz na matrix.
A Grande Lei manifesta-se no meu mundo microcósmico nas atitudes mais pueris como na formação de conceitos, os mais complexos. Eu sou o átomo e a molécula e o pulsar do meu sangue é o mesmo pulsar dos quasares. Tudo é a mesma energia, a mesma substância. Como negar o óbvio? Basta olhar o céu numa noite estrelada e ver a si mesmo estampado no espaço, numa proporção tão diminuta, que chega a doer.
Contradições? Incoerências? Estamos todos fincados nisso como gosmas grudadas, porque não temos Consciência desperta.
Consciência para captar no momento, todo o evento, em sua plenitude. Não basta detectar para depois comprovar... É preciso viver, ser e saber naquele momento, sem perder nenhum detalhe.
A velha e a nova ordem mantida pelo desejo e a vaidade estão à beira dos destroços... Quero saber, tim-tim por tim-tim o que fica por trás da minha cabeça e da cabeça do outro, porque o outro é a extensão de toda experiência.
Quando vivo e experimento as duas faces de uma mesma moeda é para transcender as multiplicidades e penetrar a unidade. Essa aventura de entranhar a menor partícula, é um desejo banal de ser o átomo viajando no elétron.
Enquanto isso não se dá, a aventura é um ensaio e erro constantes e as conclusões variam conforme os sentidos e vão desde o intelecto até as intuições mais puras.
Bom, comigo ou sem migo, com isso ou sem isso é preciso ser forte, porque só os fortes sobrevivem a esse impasse. A busca é uma ânsia louca que só aos loucos pertence e eu vivo nessa loucura...
Elizabeth